Pequena Tiragem
(Little Mag)
Gastei três horas
endereçando envelopes
Caneta exausta.
Prestes a acabar
a mão se encontra
totalmente incapaz de
fazer um "o" direito
As revistas saem num
vapt-vupt.
Em troca, recebo erros
explícitos, protestos, nomes
pela metade, má pontuação, palavras faltando,
poemas, duas renovações, um cancelamento,
um ensaio ruim sobre a obra
de alguém que eu nunca ouvi falar,
um par de sandálias, um peixe morto.
No correio eu tenho um
acordo em que eles colam os
selos e eu pago.
"Muito palavrão",
diz o supervisor com um chapéu
falando comigo como
se eu fosse um marciano.
"Há mulheres por aqui".
Eu tomo nota.
No bar eu bebo
para esquecer disso tudo
mas o senhorio vem
com mais um 'pague logo'.
Isso me pega pelo colarinho
feito um telegrama animado.
Não posso falar merda.
Manda mais uma dose eu sorrio.
Caprichada, digo.
Amanhã o abuso
dos livros na chuva de
livrarias.
Um saco de cartas feito um
balaio de peixes.
Caro editor
Vão anexos 38 poemas sobre amor.
Meus amigos dizem que
são melhores do que tudo
que já leram.
Gostaria de comprar a sua
revista por favor mande
um exemplar grátis.
Pagarei por uma
quando estiver nela.
Segue anexo
Aqui está
Estou mandando
Atenção para
Submeto
Você poderia
Você vai
Por favor
É importante que
Eu espero
Eu devo
Eu tenho que
Eu sou o melhor
Geralmente eu não ligo
mas esses meus poemas ficam
tão bons em conjunto que eu
os leio uma duas vezes
após escrevê-los.
Você é o
caminho
Você é a trilha
Você é a luz
A luz no fim do túnel
nessa imensidão verbal
Eu espero que
Me ajude
Mas eu não posso
Poesia não faz milagres
Mando recusas
Em resposta
Tradução
de Donny Correia
NOTAS:
Little Mag é
um termo anglo-americano para jornais e revistas literárias
sem fins lucrativos e com pequena tiragem.
Bic exhausted
- Bic, assim como no Brasil, é a marca da caneta. Aqui optei
por traduzir como "caneta" simplesmente para não
causar estranhamentos.
Ack-ack é
o som onomatopaico das baterias antiaéreas usadas pelos ingleses
durante a guerra. Aqui o autor usou ack-ack para dar a idéia
que as revistas dever sair com rapidez, com urgência.
Left topher off his
name - uma curiosidade reveladora sobre este verso é
que Peter Finch, num de seus trabalhos como editor, publicou o nome
do autor como sendo Chris. Na verdade o nome deveria ter
sido publicado por inteiro: Christopher. Finch deixou o topher
de fora. A construção deste verso no original dá
imponente voz poética ao assunto, que pretende exatamente
expor as agruras da rotina do editor de uma pequena publicação.
It comes at me across
the pump handles - aqui, Finch refere-se à máquina
por onde tira-se cerveja nos pubs (bares) ingleses. Optei por "Isso
me pega pelo colarinho" para estabelecer uma analogia entre
a cerveja (no original) e o "colarinho", espuma da cerveja.
Do ponto de vista poético, o verso revela a força
do ato de beber para se esquecer de problemas e ao mesmo tempo como
isso amplifica a dor que os mesmos problemas causam ao mero recordar
de um detalhe ou outro, neste caso o senhorio cobrando o aluguel.
Vale lembrar que fica claro que o que o autor está bebendo
é cerveja quando, mais adiante, ele pede outro "pint"(Have
another pint I smile). Pint é uma unidade de medida equivalente
a 568 mililitros. Na Inglaterra, cervejas são comumente servidas
de duas maneiras, "half pint" (meia dose) ou "pint"
(dose inteira). Frequentemente a palavra "pint" é
usada para designar a própria bebida, e somente quando se
trata de cerveja, ou cidra em alguns casos. Ex: "One pint
of Guinness, please", ou, Half pint of Strongbow, please.
Sack of kippers seria
literalmente traduzido como um saco cheio de peixes defumados,
como salmão, por exemplo. Optei por cortar a idéia
de peixe defumado por que seria explicativo demais. Também
optei por balaio, e não saco, para não
repetir substantivos, já que, neste contexto, bag e sack
teriam o mesmo significado em português.
I would like to buy
your / magazine please send a / free copy - A partir deste ponto,
Finch inicia a exata e esquizofrênica descrição
impressa em várias cartas de aspirantes a poetas que (via
de regra) dizem as coisas mais absurdas do mundo (muitas vezes involuntariamente)
para tentar ganhar a simpatia de um editor, depósito de toda
a expectativa destes aspirantes. Mas Finch termina por concluir
de forma pessimista, mas irônica (quase um humor negro): Poetry
is short on miracles.
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Gales Verbovista
(A Welsh Wordscape)
1.
Viver em Gales,
É ser ofuscado
por re-incarnações de Dylan Thomas
sob vários, diversos disfarces.
É ser metralhado
pelas mesmas palavras
ao menos seis vezes por semana
É ver-se farto
por visionários galeses
de cabelos boêmios e ternos cinzas.
É ouvir
sobre a incrível agonia
de um exílio
que é no máximo
um dia de retiro.
E as ovelhas, as ovelhas,
as danadas das pulguentas ovelhas galesas,
tangidas sobre os mesmos montes
por milhares de frases poéticas
que sempre se repetem.
Viver em Gales
é amar as ovelhas
e temer os
dragões.
2.
Um história é
re-vivida,
uma herança
perdida é, agora, revista
com olhos lassos e magras lágrimas
Um herança
que versou beleza ao mundo
por entre unhas turvas e
infindáveis vapores alcoólicos.
Uma herança
que forçou-se audível
disseminou-se divina e presente
e conectou Wales
Ao rodamoinho
do universo
Uma herança
que cessou comunicação
pela morte, e contra tudo e todos
tentou seguir viva
Uma herança
que está levando
muito tempo a aprender
que passado não pode ser presente
e que o mundo
está, bem rápido, virando tédio
com línguas que sempre soam
no mesmo tom de voz.
Veja a paisagem galesa,
veja de perto,
novas vozes devem surgir,
pois Gales não pode esgotar-se ao tanger
de ovelhas rumo ao crepúsculo
Tradução
de Donny Correia
NOTAS:
Welsh Wordscape:
Ainda que fossem empregados os maiores esforços para buscar
uma tradução exata do título, não seria
possível atingir a exuberância da imagem que Peter
Finch criou ao juntar as palavras "word" (palavra) e "landscape"
(paisagem). Escrito por volta de 1966 este poema é um diálogo
com R S Thomas, que escreveu "A Welsh Landscape", e ,
assim como o original, questiona a identidade galesa numa época
em que a maioria da população não falava galês,
e não se considerava "Welsh". É, ainda,
um chamado urgente de novas vozes que representem a cultura de um
país que parece rumar direto para a mesmice. Em tempo, R
S Thomas é pessimista, por sinal, ao afirmar que o País
de Gales não tem presente nem futuro, vive no passado.
A porpósito do significado do título, Finch busca
um panorama da imagem galesa através da palavra, como se
esta fosse a paisagem repleta de referencias a uma nação,
a ser observada/lida pelo interlocutor.
Para compor o título em português, permutei um adjetivo
"Welsh" (galês/galesa) por um substantivo (Gales).
Por fim substituí o substantivo "wordscape" pelo
neologismo verbal "verbovista".
Is to be mumbled at/
by re-incarnations of Dylan Thomas/ in numerous diverse disguises:
A estrofe refere-se à sobra de um dos maiores ícones
da poesia galesa que, por uma ou outra razão, sempre acaba
ofuscando, eclipsando, a voz de novos poetas.
Is to be mown down/ by the same words/ at least six times a week:
o phrasal verb "to mow down" faz referencia ao que os
gangsters dos anos 30 faziam ao passar metralhando pessoas em fila,
sequencialmente. Aqui, assim como no original, usei o sentido literal
do verbo (metralhar), para criar a metáfora que sugere a
opressão através de um repertório lingüístico
reduzido.
To live in Wales/ is to love sheep/ and to be afraid/ of dragons:
Peter Finch retrata, nesta estrofe, dois símbolos da cultura
rural e primitiva do País de Gales, sendo as ovelhas e os
míticos dragões medievais. Mais adiante, o poeta assume
que esta mentalidade que mira somente as marcas de um passado cultural
precisa de novo fôlego.
through dirty fingernails:
Clara referência à tradicional figura dos mineiros
das reserves de carvão, personagens que são símbolo
de gerações. A figura do minerador está para
a cultura galesa assim como o bóia-fria está para
nossa cultura. O minerador é o personagem que encarna todas
as dificuldades existentes na luta pela sobrevivência e que
vive à margem da identidade cultural sem se dar conta de
que ele mesmo representa o elo mais forte desta mesma cultura.
Personagem principal de vários trabalhos na literatura do
País de Gales, esta curiosa figura pode ser melhor compreendida
na obra máxima sobre o assunto: How green was my valley,
de Richard Llewellyn. O romance escrito na primeira metade do século
XX é uma mistura de ficção e biografia que
conta a saga de uma família de trabalhadores das minas de
carvão que vai sofrendo cada vez mais a ação
do tempo, do progresso e das más condições
nas minas. É um testemunho indefectível do contraste
entre a beleza dos montes e vales, e a crua realidade dos quase
escravos mineradores.
A heritage/ that screamed
that once,/ that exploded that one holy time: Os versos referem-se
a um período particular no momento em que uma figura galesa
(Dylan Thomas) surgiu para ser conhecido pelo mundo, conectando,
assim, o País de Gales, com o turbilhão da civilização
exterior.
new voices must rise:
Após seguir por todo o poema falando sobre os contrastes
de um País de Gales carecido de uma urgente revolução,
Peter Finch apela através de um protesto para que novas vozes
surjam para tirar o país do gesso de valores ancestrais e
estáticos, sem, no entanto, perder a identidade, mas fortalecendo-a
através do novo.
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Curso de Férias
(Summer School)
Na
curso de escritores
o mundo se aposentou.
Nenhum dos estudantes
cabem nas cadeiras.
A idade já interfere.
Uma mulher com um peito
feito um saco de carvão canta
fragmentos soltos de
Gilbert e Sullivan. Sou muito
educado para fazê-la parar.
Todos parecem estar
aqui por décadas
mas nenhum deles
faz progresso
Nós tentamos um haikai
treinando concisão. Um dragão
num vestido florido lê
o dela como se chamasse
um táxi. Ela é atriz.
A fileira de trás
entendeu tudo errado e criam sonetos
O homem manco e
de calças manchadas fala sobre
a guerra contra a
opressão em Singapura.
Eu leio Basho na
tradução de Sylvester,
o máximo daquela língua
Sapo
Lago
Ploft
onda após onda
ao longo de um golfo
de confissões íntimas
ou coisas sobre mendigos.
É uma questão de ecos
eu os digo.
Um haikai sugere,
obliquamente
é cheio de ondas.
Uma bruxa velha na fila da frente
ergue a mão
Sim? Estou sendo claro?
É tudo besteira, ela diz.
Tradução
de Donny Correia
NOTAS:
"Eu lecionei
em muitos cursos de férias para escritores e está
tudo lá no poema, as mesmas pessoas vindo ano após
ano sem nunca aprender nada. Eles discutiam comigo, dizendo que
clichê é bom. Às vezes perguntamos se alguma
coisa nisso vale realmente a pena."
(Peter Finch)
Gilbert and Sullivan: William S. Gilbert e Sir Arthur Sullivan
foram compositors ingleses de operas leves. Entre o final do século
XIX e início do século XX compuseram 14 operetas,
produto considerado de entretenimento popular e desprovido de valor
artístico. No poema, Peter Finch mede e ironiza o alcance
intelectual de uma das alunas através de seu gosto musical
popularesco.
I read Sylvester´s/ rendering of Basho,/ best in language/
Frog/ Pond/ Plop: Matsuo Bashô (1644 -1694), é
autor do haikai mais famoso da lingual japonesa (furuike ya/
kawazu tobikomu/ mizu no oto) , que recebeu várias traduções
ao redor do mundo. No Brasil, uma das mais famosas traduções
desse texto é de Haroldo de Campos (velho tanque/ rã
salt tomba/ rumor de água), embora outros o tenham traduzido
também, como Paulo Leminski e Décio Pignatari tendo,
este último, utilizado princípios da semiótica
para aproximar sua tradução dos ideogramas originais.
Em Summer School Peter Finch cita a tradução de Dom
Sylvester Houedard (1924-1992), poeta nascido na ilha de Guernsey
e que, nos anos 60, a exemplo dos irmãos Campos e de Décio
Pignatari, realizou importantes obras de poesia visual e concreta.
Tudo que ela diz
(All She Says)
Ela ainda está
lá do outro lado da linha telefônica imaginando que
acertou em cheio. Sua voz mudou depois de todos esses anos. Áspera,
as palavras têm menos graça, mas ainda é ela.
Ela ama esse cara novo. Agora ela não diz nada sobre o quanto
é real, quão diferente, e o quanto é melhor.
Mas dá para notar pelo jeito que ela fica. Ela quer o cortador
de grama emprestado e não teria nem sonhado mm pedir antes
sabendo que você teria de levá-lo deixando um rastro
de grama seca, lama e terra ao longo do corredor e por toda a entrada
frontal. Ela diz que os garotos estão bem. Você recebeu
o cartão de aniversário que Jamie mandou? Ele mesmo
o fez. Você quer manter a conversa até o podíamos
tentar de novo agora. Depois de tanto tempo somos novas pessoas,
aprendemos um milhão de coisas sobre como o mundo realmente
funciona e para quê estamos nele. Você se pergunta por
um minuto o que você faria se ela dissesse sim. Mas não
há problema, ela é interrompida pela campainha, nada
muda, ela tem que ir.
"Sabe, podíamos
nos ver, sabe. Quem sabe a gente podia?" Pelo menos você
põe para fora, orgulhoso, nervoso, mas o silêncio ao
redor do telefone é imenso.
"Olha, traz o cortador
aqui. Eu agradeço. Tenho que ir."
É tudo o que ela diz
Tradução
de Donny Correia
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O Escritor em Férias
com Dois Adolescentes Envia um Postal para a Casa
(The Writer on Holiday with Two Teenagers Sends a Postcard Home)
Queridos,
Vocês não
gostariam daqui. É muito parecido com a revista, cheio de
brilho e calor. A cada dia, lá pelas onze horas, quando nuvens
desfazem-se a oeste, tudo que vemos é o Sol. Estamos numa
angra num rochedo recuado, cercado de areia artificial e rodeado
pelo manso Mediterrâneo. Este errático precursor espanhol
da EuroDisney foi invadido por alemães da indústria
automobilística e é, agora, um dos lugares mais barulhentos
da Terra. Crianças endemoniadas armam-se com bóias
de crocodilo gigantes e máscaras de mergulho do tamanho de
uma TV e berram em círculos. Os mulherres parecidas com leões
marinhos calejados uivam alucinadas enquanto seus maridos-lagostas
pagam, o que deve ser para eles e suas brilhantes economias virtualmente
nada, pelo aluguel de sombrinhas enferrujadas e espreguiçadeiras
corroídas. O Paraíso Baleárico.
Em pouco tempo que estou
aqui, já revi o Coelho de Updike, Sophia de Styron e A lista
de Keneally. Meus filhos encolheram-se na sombra de uma perseguição
lúdica aos irmãos Mario e da manipulação
de pilhas de tetris caindo pela tela. Posso discursar sobre o holocausto,
sobre culpa e amor e o lugar de deus nessa bagunça infernal.
Eles podem mover os dedos com uma destreza que eu jamais terei.
Os valores mudam. Bebemos coca-cola entupida de gelo e fatias de
limão. Eu cochilo. Com o amor que somente a intimidade familiar
demonstra eles repreendem um ao outro por estarem vivos.
Esta tem sido uma semana
de angústia, culpa, dissidência juvenil e a mais descabida
revolta. Eu torrando no Sol lacerante como um arpão, atraindo
vespas abusadas como um doce derretido. Seu cabeção
viado cala a boca e paga logo essa bosta não enche o saco
punheteiro eu vou chutar o seu traseiro de merda imbecil.
Não há
nuvens. A televisão é em espanhol. O ônibus
para a cidade é lotado.
Às vezes, nos
momentos em que uma trégua advinda por acidente, quando o
abuso suaviza-se no deslavado sono de adolescente, eu reflito sobre
como os grandes líderes da humanidade devem ter a pele de
concreto, como abrigos anti-bombas, e ouvidos tão seletivos
quanto o dial de um rádio russo.
Areia na sua mala, terra
na suas roupas de cama, um calçado verde gigante para atletas
tamanho 36 por sobre sua última toalha limpa, filtro solar
no seu passaporte, sua caneta, um dardo cego, seu romance de Stan
Barstow lido pela metade lançado ao mar à tarde.
A virulência se
expande como vapor enquanto o Mediterrâneo acena cada vez
mais azul no calor ferino. No horizonte um iate branco pasta. A
despeito do meu bronzeado, me sinto débil e ausente. Os alemães
compram todos os enormes cachorros-quentes menorcanos e os encharcam
com uma reluzente mostarda trazida de casa. Eu compro o jornal de
domingo com três dias de atraso por ?5.50 e vejo que a revista,
o suplemento de artes e a seção de livros foram jogados
fora para economizar no peso do avião. Eu me xingo um pouco.
À distância
eu posso ouvir o recreador do hotel gritando alto para encorajar
os arianos na piscina a dançarem polka mais rápido.
A semana vira fumaça como a que sai da chaminé de
um cruzeiro. Eu me camuflo com bronzeador. Ao menos a praia está
irredutivelmente de topless. Eu ajeito meus óculos escuros
e me permito um sorriso. Bicha de merda grita meu filho.
Felicidades
P.
Tradução
de Donny Correia
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A Escuridão e os Sons
da Água
(Darkness and the Sounds of Water)
"Sabe, podíamos
nos ver, sabe. Quem sabe a gente podia?" Pelo menos você
põe para fora, orgulhoso, nervoso, mas o silêncio ao
redor do telefone é imenso.
seis luas de sódio
sobre o rio,
seis satélites silentes
feitos a vidro e gás
a lua real repousa piscante
e eu assisto o estalar
onde águas retorcem-
se e a espuma espessa
é amarela
por um instante
ao escurecer.
ouço-me respirar
só escuto a água,
e os sons
da penumbra
retornando.
Tradução
de Donny Correia
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